segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Vejo dois

Eu abro e fecho os olhos e vejo dois
Talvez todos nós sejamos dois
Com dois lados como uma moeda
O reverso também faz parte do verso
Eu canto o lado A e também o lado B

Eu vejo o bem e o mal
Eu vejo o branco e o preto
Eu vejo o dia e a noite ao mesmo tempo

Ninguém decifra qual é o seu lado
Ninguém pode te impor um quadrado
Ninguém duvida do seu falso eu
Ninguém aprova o seu verdadeiro eu

Pelos cantos esconder os cacos 
Andar vacilante entre o que querem de você
e o que preferem não ver

Eu abro e fecho os olhos e vejo dois
Talvez todos nós sejamos dois
Com dois lados com uma moeda
O reverso também faz parte do verso
Eu canto o lado A e também o lado B.

Eu vejo o lado certo e o do avesso
Vejo a ovelha ser ovelha e ainda sim ser negra
Vejo calmaria que esconde explosão
Vejo tormentas que trazem paz ao coração

Vejo uma ideia que complementa outra assim
como uma opinião rebate a outra
Eu me vejo nos teus olhos quando me vejo
te vejo quando te vejo me vejo

Eu vejo vontades nos olhos alheios condenando os que fazem
Eu vejo repressão depressão exclusão por não admitirmos
o eu o meu o seu os nossos dois

Eu abro e fecho os olhos e vejo dois
 
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