Haverá o tempo em que nuvens de algodão escorregarão por entre os degraus da escada. Onde patamares submergirão em águas congeladas e apitarão feito trens a vapor.
Haverá aquele instante que se espremerá infinito entre um segundo e outro. Em que o vento ressonará uma canção melodiosa e sucumbirão todos os postes de eletricidade.
Haverá flores entrelaçadas aos pisos e ao asfalto da rua. Em que as pipas coloridas no céu serão como bússolas aos forasteiros.
Haverá grandes mares dentro de caixinhas de sapato. Será feito de mármore os vestidos das debutantes. Ligar o ventilador significará se teletransportar e as luzes de LED serão eternas.
Haverá aquele tempo de deixar sobre o sofá a toalha molhada e esquecer. Em que os sapatos serão voadores e se transformarão em pombos-correio. Será engraçado ver o do Donald do McDonalds voando por aí e estatelando na cabeça de alguém.
Haverá pianos d'água e refrigerantes de bomba atômica. Em que as casas não terão paredes e as divisórias dos lares serão cortinas de nylon.
Haverá o tempo do chip dentro da cabeça em que você escolherá se guarda ou não as coisas na memória. Em que seremos 500 mil bois marcados comendo pasto transgênico em uma área de 50 m². Haverá um Deus todo poderoso chamado Coca-Cola.
Haverá cavaletes mágicos e imaginação fornecida por 1,99. Em que as bancas de jornal serão shoppings centers inteiros. Em que se apertará a torneira e você se integrará ao chip de qualquer outra pessoa.
Haverá o tempo em que as línguas serão magnéticas e nas mãos já teremos facas afiadas. Em que não haverá prisões e nem crimes hediondos.
Não haverá quem questione, quem julgue, quem dite as regras. Não haverá democracia. Os cérebros serão como creme de leite ou mousse de chocolate e os outros poderão abrir e retirar um pedaço para comer.
Haverá o tempo em que a moeda vigente será o nosso dedo do meio. Mostrou, entrou. Mostrou, pagou. Mostrou, comprou.
Haverá redes como vapor de chuveiro. Em que se você quiser se conectar a alguém bastará bocejar sobre o vidro. Haverá ondas eletromagnéticas que modelarão os cabelos e sprays sobre o rosto feito máscaras que serão os estilos dominantes.
Haverá compra de luz e sombra, de dia e noite, de sono e insônia, de alegria e de tristeza. Em que meio pote de chantilly dará para o ano inteiro. Haverá vaselina com gosto de adrenalina e pasta de dente com sabor de serotonina.
Haverá carrinhos de supermercado que acoplarão pranchas de surf e deslizarão em piscinas de álcool gel. Em que um palito de fósforo nessas horas faria a felicidade de muita gente.
Haverá fogueiras de festa junina sobre edifícios de 117 andares. Em que as ilhas serão feitas de adubo natural e as árvores serão desmontáveis. Você carregará embaixo do braço paraísos descartáveis. Seus olhos serão trilhas sonoras e os sorrisos, perfumes.
Haverá o tempo de contar o que se passou anterior a isso, mas não serão mousses que contarão a história. E nem mão afiadas que escreverão sobre rochas sedimentares. Então saberemos que o mundo não passou de uma grande bola de sabão flutuante a um triz de estourar. E STAAAAAF.
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