Ela parecia especial. Desde quando nasceu fora diferente das outras garotas Não tinha o dom de falar. Seus olhos pareciam cantar sozinhos e sua grande especialidade era viver suas histórias inventadas. Não lhe faltava muito para que não fosse desse mundo.
Viver, para ela, era tão simples e puro quanto colher entre as flores um dente de leão e espalhar suas pétalas no vento. Não parecia que seria mais que isso. Sua infância foi ouro.
Mas o mundo sempre teve garras afiadas de insalubridade. Notara que com o passar do tempo, conhecendo o mundo, ele já não seria tão simples e puro quanto uma fotografia de verão.
E que com o caminhar entre as pessoas havia muito mais que personagens figurativos... e muito mais visões distorcidas... quisera tanto que fosse mero cenário, representação lúdica ou que não tivesse bestas feras e monstros ocultos dos mares.
Sempre ouvia falar de tudo e de todos com grande medo. Até que um dia olhando distraidamente para as pessoas em redor notara que conseguira as ver diferentes. Todas elas tinham a parte superior da cabeça como transparente e podia enxergar o cérebro de cada um e o estado como se encontrava a mente.
Surpreendeu-se com, como degenerava fácil as mentes das pessoas. E todas, todas elas continham mentes degeneradas, mentes apodrecidas. Podia ver as partes do cérebro se corrompendo, se corroendo, se perdendo. Era a visão dos infernos. Era a falta total de esperança. Era um pesadelo.
Agora passava a vida assim, com medo de que aquelas mentes a contaminassem, de que o mundo fosse apenas isso e quando esquecer, quando tentava não notar lá estava uma mente apodrecida estampada na sua frente. Recuara-se do mundo com grande asco. Quisera que não fosse verdade, que ela mesma é que fosse do além. Não podia existir tanta escuridão no brilho dos olhos, no sorriso no rosto de todas aquelas pessoas que antes, tanto ela se aprazia em ver.
Então dominou-a a vontade de enxergar o próprio estado do seu cérebro. Mas ela descobrira agora que esse poder ela não tinha. Ela poderia ter qualquer outro, quem sabe. Mas esse, esse não. Frustrou-se, olhando-se no espelho e não enxergando nada. Como estaria sua mente? Seria tão apodrecida, tão degenerada quanto todas as que vira e tivera horror em ver? Seria sempre assim? Ela com vontade de saber quem era, de quem ela própria se tratara, de quão apodrecida era sua mente.
E quem lhe diria, quem poderia a ajudar? Quem a ajudaria a continuar?
Em meio à mentes apodrecidas, sentou e se angustiou. Pessoas eram vultos esparsos, era uma multidão sem fim de nada, era um oásis de vazio. Ela nunca saberia o que queria saber. Se era tão igual aos outros, então por que e com qual intuito só ela via mentes apodrecidas? Não seria então para todo mundo ver e comentar a respeito? Ninguém nunca lhe daria resposta satisfatória. A vida sempre lhe seria uma amargura tremenda.
Chorou. Chorou como nunca tinha chorado. Como quem desejasse muito ter uma mente apodrecida só para não se sentir diferente, só para não ver as outras que se abanavam na sua frente. Seu coração doía, fechava os olhos, já não queria mais ver.
Até que chegou alguém e sentou-se do seu lado.
-Não sei se alguém já lhe disse isso, e aparecerá estranho, mas eu consigo ver a sua mente.
Ela o olhou estupefata. De repente, ela o enxergou como nunca havia enxergado ninguém antes. Ele lhe parecia tão familiar, era como seu próprio reflexo contrário no espelho. Ela enxergava a mente dele e não temia. Ela enxergava a mente dele e queria tanto que fosse a sua própria. Ela enxergava a mente dele e se comprazia. Ele era tão especial quanto ela. Ele não era ela?
Ele já nem precisava lhe dizer como era sua mente. Ele sabia, e isso, parecia que lhe bastava. Ele sabia. Era estranho notar no entanto, que entre eles havia um silêncio profundo, uma harmonia contínua, uma sensação que acalmava. Bastava que estivessem ali, um diante do outro. Um do lado do outro. E a força seria eterna. Então ele lhe estendeu a mão e caminharam firmes, de mãos dadas, em meio à multidão de mentes apodrecidas.
Sempre ouvia falar de tudo e de todos com grande medo. Até que um dia olhando distraidamente para as pessoas em redor notara que conseguira as ver diferentes. Todas elas tinham a parte superior da cabeça como transparente e podia enxergar o cérebro de cada um e o estado como se encontrava a mente.
Surpreendeu-se com, como degenerava fácil as mentes das pessoas. E todas, todas elas continham mentes degeneradas, mentes apodrecidas. Podia ver as partes do cérebro se corrompendo, se corroendo, se perdendo. Era a visão dos infernos. Era a falta total de esperança. Era um pesadelo.
Agora passava a vida assim, com medo de que aquelas mentes a contaminassem, de que o mundo fosse apenas isso e quando esquecer, quando tentava não notar lá estava uma mente apodrecida estampada na sua frente. Recuara-se do mundo com grande asco. Quisera que não fosse verdade, que ela mesma é que fosse do além. Não podia existir tanta escuridão no brilho dos olhos, no sorriso no rosto de todas aquelas pessoas que antes, tanto ela se aprazia em ver.
Então dominou-a a vontade de enxergar o próprio estado do seu cérebro. Mas ela descobrira agora que esse poder ela não tinha. Ela poderia ter qualquer outro, quem sabe. Mas esse, esse não. Frustrou-se, olhando-se no espelho e não enxergando nada. Como estaria sua mente? Seria tão apodrecida, tão degenerada quanto todas as que vira e tivera horror em ver? Seria sempre assim? Ela com vontade de saber quem era, de quem ela própria se tratara, de quão apodrecida era sua mente.
E quem lhe diria, quem poderia a ajudar? Quem a ajudaria a continuar?
Em meio à mentes apodrecidas, sentou e se angustiou. Pessoas eram vultos esparsos, era uma multidão sem fim de nada, era um oásis de vazio. Ela nunca saberia o que queria saber. Se era tão igual aos outros, então por que e com qual intuito só ela via mentes apodrecidas? Não seria então para todo mundo ver e comentar a respeito? Ninguém nunca lhe daria resposta satisfatória. A vida sempre lhe seria uma amargura tremenda.
Chorou. Chorou como nunca tinha chorado. Como quem desejasse muito ter uma mente apodrecida só para não se sentir diferente, só para não ver as outras que se abanavam na sua frente. Seu coração doía, fechava os olhos, já não queria mais ver.
Até que chegou alguém e sentou-se do seu lado.
-Não sei se alguém já lhe disse isso, e aparecerá estranho, mas eu consigo ver a sua mente.
Ela o olhou estupefata. De repente, ela o enxergou como nunca havia enxergado ninguém antes. Ele lhe parecia tão familiar, era como seu próprio reflexo contrário no espelho. Ela enxergava a mente dele e não temia. Ela enxergava a mente dele e queria tanto que fosse a sua própria. Ela enxergava a mente dele e se comprazia. Ele era tão especial quanto ela. Ele não era ela?
Ele já nem precisava lhe dizer como era sua mente. Ele sabia, e isso, parecia que lhe bastava. Ele sabia. Era estranho notar no entanto, que entre eles havia um silêncio profundo, uma harmonia contínua, uma sensação que acalmava. Bastava que estivessem ali, um diante do outro. Um do lado do outro. E a força seria eterna. Então ele lhe estendeu a mão e caminharam firmes, de mãos dadas, em meio à multidão de mentes apodrecidas.
0 comentários:
Postar um comentário
Comenta ae: