quinta-feira, 25 de abril de 2019

O amor para comigo

Parece que o grande enfrentamento humano é a solidão.
Não importa a idade ou a quantidade de relacionamentos que você possa ter. Parentes, amigos, o que seja.
Passamos toda a vida tentando camuflar a grande dor que é nascer sozinho.
Isso de completar a jornada sozinho, mesmo e muito embora com muita gente ao lado, é difícil.
Nascer para trilhar um caminho que não vai ser conjunto, que não vai ser seguido por ninguém.
Tem que estar pronto para mesmo quando, com as pessoas que amamos, prontos também para as despedidas. Elas também só ficam por um tempo, por um tempo delas, para cumprir com a jornada delas.
Isso de tentar preencher com o outro, a gente passa a vida toda tentando. Por um tempo, ou por vários, ou com alguém, ou com muitos alguéns até que a gente consegue. Mas agente é sozinho não é um a gente junto.
É o que é difícil compreender e passamos a vida toda tentando ou esconder ou tapar ou escapar dela: a solidão.
Parece inadmissível que o que tem que ser romantizado, como os poetas já sabiam, não é o amor para com o outro e sim a solidão para comigo. Eu & a solidão. O amor para comigo.
É a única companhia verdadeira. Porque o eu preso dentro do corpo não se junta a ninguém mais. Essa interação que almejamos é quase que uma junção que é fisicamente e espiritualmente impossível.
O vazio existe porque só sou "eu" dentro do meu próprio corpo. Eu & a solidão.
O amor para comigo.
E a partir disto: nada mais importa.

 
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